terça-feira, 1 de março de 2011

Taare Zameen Par - Como as estrelas no céu todas as crianças na Terra são diferentes

Somos Todos Diferentes(Taare Zameen Par, Índia, 2007) Títulos Alternativos: Stars on Earth Gênero: Drama Duração: 165 min. Produtora(s): Aamir Khan Productions, PVR Pictures Roteirista(s): Amole Gupte Elenco: Darsheel Safary, Aamir Khan, Tanay Chheda, Tisca Chopra, Vipin Sharma, Lalitha Lajmi, Girija Oak, M.K. Raina

O que é um grande filme? Esta é uma pergunta difícil de responder.
Uma interpretação? Um diretor? Um complexo roteiro e história eletrizante? Um grande produtor?

Difícil, principalmente quando nos deparamos com produções distantes de nossos contatos cotidianos. Isto é o que acontece com o momento final de projeção do filme indiano “Taare Zameen Par” que é traduzido para o português como, “Como Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial” ou simplesmente “Somos Todos Diferentes”. Mesmo em sua longa duração, mais de duas horas de filme, so nos demos conta que chorar e sorrir durante uma experiência cinematográfica acontecem em momentos memoráveis e breve. Desde o primeiro momento a experiência do filme é única. Isto mesmo quando já de ante mão sabemos que se trata de uma produção de Bollywood, o que pode se traduzir em pura reprodução de clichês.

O filme revela-se como uma preciosidade principalmente para que convive com as questões educacionais. Mais claro que de forma alguma podemos retratá-lo por este simplismo. As interpretações dos atores estão para além de classificá-lo como uma simples produção dirigida ao pedagogismo.

A história gira em torno das condições adversas de Ishaan Awasthi, um garoto de 9 anos que com dificuldades de relacionamento normal com o mundo exterior vive um mundo de escaramuças cotidianas. Esta diferenciação ocorre principalmente a partir de sua vida escolar onde tem dificuldades de acompanhar as atividades escolares por sofre um tipo de dislexia. A indisciplina é seu único meio de sobreviver na escola.

Ishaan Awasthi é filho caçula de uma família indiana que tem sua estrutura espelhada nos típicos valores da classe média urbana do capitalismo ocidental. O irmão mais velho é sempre o primeiro da turma, joga tênis, muito disciplinado e preocupado com sua formação escolar. Sua mãe uma mulher que deixa a carreira profissional para cuidar dos filhos e da casa é muito amorosa e cuidadosa com a família. O pai um profissional burocrático do mercado financeiro, pelo menos é o que parece, tem no mercado o centro das preocupações futuras com a formação dos filhos.

Como acontece com boa parte das crianças que tem este tipo de problema Ishaan Awasthi encontra na rebeldia e revolta a forma de superar suas dificuldades de relacionamento causados pela dislexia. Esta sua postura coloca todo o universo ao seu redor em permanente desestabilidade. Seu conviveu escolar torna-se insuportável, o que leva seu pai decidir pela sua transferência para uma escola integral de regime extremamente rigoroso e conservador. Este novo modelo escolar so faz piorar o desenvolvimento do garoto, ainda mais pelo agravante da separação de sua mãe e de seu irmão que são seus únicos tradutores do mundo imediato.

Mas como todo bom filme da escola americana drama é uma caminho entre tristeza e felicidade. A mudança acontece com a vinda de um professor substituto. Por puro golpe de sorte seu novo professor de artes, Ram Shankar Nikumbh, reconhece no garoto o mesmo problema que também sofreu em sua trajetória escolar e pela sua trajetória de professor para crianças com necessidades especiais. Detectando a diferença de Ishaan, Ram Shankar Nikumbh, após entrar em contato com a família e diagnosticar o caso, passa a aplicar um tratamento pedagógico diferenciado para ensino de crianças com dislexia. Daí até o momento final do filme, temos um significativo conjunto de emoções pautas nas relações sociais e individuais de relacionamento entre pessoas que sentem a exclusão social em diferentes dimensões.

A trilha sonora é magnífica. Tem uma sequência de animação extremamente criativa que acompanha a introspecção de Ishaan, e atuação do elenco é soberbo. Uma produção muito bem cuidada.

Para alem da história destaco que ainda tinha visto uma sequência tão significativa sobre a dislexia. Desde os sintomas que ficam claros no final do filme até a forma de tratamento diferenciado da didática que deve ser aplicada a este tipo de problema. O reconhecimento que Ishaan encontra nos desvalidos e excluídos da cidade em sua perambulação quando foge da aula de matemática. A sequência em que mostra o professor Ram Shankar trabalhando na escola para crianças com necessidades especiais também é muito emocionante. A postura do pai, que a meu ver, representa a maioria das opiniões sobre como deve ser o relacionamento do processo de aprendizagem com o mundo do mercado capitalista também é muito interessante para reflexão.

Enfim é um belo filme, ou mais que isto um verdadeiro documento audiovisual sobre um problema que pouco se discute no interior dos cursos de formação docente. Ou pode até acontecer a discussão mais com certeza o filme contribui imensamente para ao aprofundamento da reflexão sobre a exclusão e o tratamento dos diferentes no interior da escola.

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