No século XIX, os escravos se reuniam para manter suas tradições, mostrar resistência cultural, e fazer o samba de roda. No Rio de Janeiro, o batuque dos negros foi misturado a outros gêneros musicais e, no começo do século XX, nasceu um dos símbolos da cultura brasileira: o samba carioca, com seu repique africano.
Para o pesquisador Paulo Costa Lima esse é um exemplo de encontro de ritmos, de civilizações: “Esse repique é que vai permitir o rebolado, a participação do corpo. Nós ouvimos a música e nos sentimos parte dela. A rítmica africana entra em uma estrutura que tem melodia, harmonia europeia e distorce, dá um repuxo necessário ao frevo. Então é dessas negociações entre África, Brasil e Europa, gerando o Brasil, que a gente está falando”.
Com tambores de vários tamanhos, repiques e uma nova forma de tocar nasceu mais um gênero musical criado com a marca da cultura negra: o samba-reggae. Foi o Olodum que puxou o samba-reggae e espalhou esse som pelos quatro cantos do mundo. A batida marcante conquistou fãs famosos e levou ao Pelourinho Paul Simon e Michael Jackson, que gravaram com a banda. "A gente tem muita alegria de ter realizado uma trajetória de sucesso, de trabalho e, ao mesmo tempo, de mostrar que a herança africana não é só algo com lamento, tristeza. Pelo contrário, é uma energia positiva", garante João Jorge, presidente do Olodum.
Com música, Olodum no nome e negros no palco, o Bando de Teatro Olodum foi criado há 21 anos para colocar em cena questões que envolvem os negros e já fez 27 montagens. "A gente está contando uma história no teatro com a nossa cara, sem precisar pintar o rosto", diz a atriz Rejane Maia. O Bando foi para o cinema e fez sucesso com o filme "Ó Pai Ó", que também foi para a TV.
O ator Lázaro Ramos está entre os talentos revelados pelo grupo. Ele saiu dos palcos para ganhar as telas do cinema e também mostrar nas novelas que podia ser protagonista. “Eu acho que o grande responsável é o público que está dizendo ‘quero ver isso’. Acho muito positivo, muito bacana, acho que a gente está no passo mais legal de todos, que é o da gente aceitar a diversidade que é o nosso país. O que a gente quer é ter o melhor de tudo e de todos em todos os lugares”, afirma o ator. "Hoje eu sou uma atriz, negra, resistente, com força, e sei onde é o meu lugar e sei onde eu quero chegar", garante a atriz Telma Souza.
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